terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Saudade e distância

Saudade e distância são irmãs. As duas são filhas da puta.
"A consciência de amar e ser amado traz um conforto e riqueza à vida que nada mais consegue trazer."

Debaixo dos caracóis dos meus cabelos

Especial do Roberto Carlos na Tv na segunda feira.
O Guilherme avisa; mãe, está passando o Roberto Carlos na Tv, vocẽ não gosta dele?
- Gosto Gui, obrigada por me avisar.
Sento na cama no quarto e começo a assistir. Ele brinca no chão do quarto com os brinquedos novos que ganhou no natal.
Roberto Carlos começa a cantar uma música que  faz recordar  a minha juventude. Dou um longo suspiro e digo: ai que eu queria ter casado com o rei.

O Guilherme olha para mim e diz:
-Queria ter casado com ele?
- É Gui, queria.
- Porque não casou?
-Ah Gui, ele não me quis.
Ah mãe sabe o que é: é que homem não gosta de mulher velha.
-Mas eu não era velha Gui, eu era menina.
- Mas como era a cor do seu cabelo?
-Era ruivo Gui, igual o da Ligia e o da Marina.
- Hum, esse é o problema.Sabe mãe, é que os homens gostam de mulheres de cabelos pretos e lisos. Aposto que o seu nem era liso.

- Poxa Gui, você está falando que o Roberto Carlos não me quis porque eu era feia?
- Olha mãe, não estou falando isso. Estou falando que você não tinha o cabelo que os homens gostam. Isso é diferente de falar que é feia.
Um longo silêncio,  eu me concentro nas músicas, o Guilherme continua entretido com os brinquedos.

Mais tarde, quando já estamos deitados ele me olha e diz:
- Não liga não mãe,eu gosto do seu cabelo.

(Gui tem 6 anos e 11 meses, é meu neto, mora comigo, e me chama de  mãe)
Então tá......

O varredor de rua

Estava parada no ponto de ônibus, esperando a segunda condução que me levaria para o trabalho.
Parada ali na Rio Branco, em frente ao palácio dos Campos Eliseos, procurei no braço do homem ao meu lado ver as horas. Percebi que o relógio estava colocado ao contrário no braço, achei que o relógio estivesse quebrado. Mirei na pessoa daquele braço, pois até então só me interessava naquela pessoa o braço. Sou assim, fico tão absorta nos meus pensamentos, que não olho para as pessoas. Elas são apenas umas manchas brancas, ou coloridas, ou disformes ou seja lá como for sua forma fisica. Não focalizo nem mesmo o ser que senta ao meu lado no banco do ônibus. Mas o caso é que permiti mirar o todo daquele braço e dirigi-lhe a palavra. _ Seu relógio está ao contrário, está quebrado? - Não ele me respondeu. Eu uso assim mesmo, desde menino, gosto de usar o relógio ao contrário. Todos cobram isso de mim, mas é só assim que sei usar o relógio.
O ser que me respondeu era uma homem que aparentava uns 40 anos.  Na boca nenhum dente superior. Apenas os inferiores. Mas tinha um olhar doce. E eu quis conrtinuar a prosa.
Nisso o ônibus chega e ele também vai para o mesmo lado que eu. Embarcamos, sento e ele senta logo atrás de mim. Viro de lado e pergunto: 
- O senhor vai indo trabalhar?
- Vou sim . Vou lá no Parque Dom Pedro.
-O Senhor entra a que horas?
- Ah eu entro as duas horas.
_Tá indo cedo então, porque agora é 12h20, né.
-È eu gosto de chegar cedo, bater o cartão.....
Percebo que ele está com o uniforme novinho dos garis da varrição. Aqui em São Paulo houve uma mudança na empresa que presta serviços para a Prefeitura. Os uniformes de cor laranja passaram a ser verdes.
- O Senhor é da turma de varrição?
- Sou sim como a senhora sabe?
- Ah, explico, é que eu trabalho na Prefeitura e sei que a empresa mudou a cor dos uniformes.
- Eu trabalho na varrição, nas imediações do mercado municipal, e também um  pedaço da Vinte e Cinco de Março, ele me explica. O trabalho é muito duro dona, tem gente que não fica nem um mês, não aguenta o puxado. A gente varre e quando olha pra trás nem parece que varreu, o povo é muito desleixado. Eu estou nisso à 16 anos.
- Quanto é o salário ? pergunto.
- O salário é  $ 760,00, mais vale refeição e alimentação $420,00, mais o vale transporte. No final dá uns mil e cem. 
- O senhor tem quantos anos?
-Tenho 56 anos, dona.
- Digo:  nem parece. O senhor tá bem conservado. E é verdade, ele é magro, na medida certa, e realmente não aparenta ter 56 anos.
- O senhor é casado?
- Sou sim, fiquei 10 anos separado, mas agora to casado.
- Tem filhos?
- Tenho sim mas estão todos casados.
- Ah então dá pra viver bem com esse salário né?
- Dá sim, dá até pra guardar o salario todinho. A gente compra no mercado com os vales e quando não tem carnê pra pagar dá pra guardar o salário todinho.
-  Gostou do uniforme novo?
- Ah gostei. É do palmeiras né. Todo verde.
- Quantos uniformes a empresa fornece?
- Eles dão 2 mudas, um sapato e dois bonés.
- E é suficente, pergunto? E quando chove?
- Ah tem capa também.
O Onibus encosta no Largo do Paissandu, nossa parada. Descemos.
Já na praça, eu estendo  a mão para o homem, desejo boa sorte, um feliz ano novo.. Tenho quase que  uma vontade de dar-lhe um abraço e dizer que tenho orgulho de trabalhadores como ele. Não ouso tanto. Mas olho bem no fundo dos olhos dele e ele também me olha nos olhos e me diz: Boa sorte dona, quem sabe a gente se encontra outro dia.
É, quem sabe a gente se encontra outro dia.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Reticências da vida

Você diz: Eu te amei.
Eu digo: Eu te amo!
Você diz: Te esqueci.
Eu digo: Não consigo te esquecer!
Você diz: Oi amiga(o).
Eu digo: Oi amor!

E nessas reticências da vida percebemos a nossa diferença; você deu um ponto final a tudo enquanto eu vivo nas exclamações de um amor acabado. Enquanto vivo o presente do fim, exclamando por um ponto final dito por ti; você já virou a página, está em outra, exclama por um alguém que não sou eu... Dói, fere; pontos e vírgulas pontuam uma relação que teve um início lindo, meio conturbado e final trágico. Feridas ilusórias estão abertas por estes pontos. Quem poderá curar-me do amor se o amor-remédio me fere? Irei saber, irei viver na medida dos pontos que pontuam nossa vida, na medida das reticências do desconhecido amanhã...
(Ana Luiza Pereira)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Procura-se

Procura-se

Ando a procura de um homem capaz de ser amigo declarado da vida. Que não guarde pergunta sobre o futuro ou o passado, que ame o ato de amar, simplesmente pelo ato de amar;
Ando a procura de um homem com coragem para ter uma mulher que gosta de vestir preto, meia liga, sapato vermelho, batom carmim e decote pronunciado e dela sentir orgulho; E, como homem, defenda todas as suas fantasias, sem explicações, apenas com desejos;
Ando a procura de um homem que comigo prepare um jantar com toalha azul, palmito, aspargo, cogumelo, penumbra, silêncio, tangos, boleros e solidão. Que juntos nos embriaguemos e juntos nos esqueçamos do dia seguinte;
Ando a procura de um homem capaz de todas as surpresas: chamar para beber numa terça-feira de muito trabalho; que invente luas cheias em visitas raras; que seja ousado e arrisque todos os seus sentimentos; que sorria e principalmente tenha a capacidade de adivinhar tudo de ruim;
Ando a procura de um homem que não prometa fidelidade, mas momentos fiéis; que tenha esperança sem religiosidade; que libere seu animal e abandone suas conquistas intelectuais; que não me chateie com política, que seja macho sem medo de ser sensível;
Ando a procura de um homem que me surpreenda em todos os momentos: na casa, na praia, no quarto e na vida. Que agrida quando sentir vontade. Que amanse quando sentir-se gato;
Ando a procura de um homem que me acompanhe quando olho o mar. Que escute e cale todas as minhas angustia. Que perante todas as dúvidas existenciais seja capaz de oferecer certezas. Que beba vagarosamente. Que leia Fernando Pessoa sem recitar.
Ando a procura de um homem que me deixe ruborizada ante uma investida inevitável. Que não diga não perante seu próprio desejo. Que me deixe entregar-me de modo calmo como o rio ao mar. Com quem eu possa soltar todos os gritos de prazer e toda a agressividade dos felinos. Que não cobre de mim mais do que posso dar. Que mate o tempo e estrague as horas e faça da vida "uma aventura errante
Ando a procura de um homem que faça convites para jantar. Me pague uisque. Me puxe a cadeira.
Quem sabe se este homem não é você? 
(Autor desconhecido)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O meu garoto

O meu garoto tem 6 anos.
Não saiu da minha barriga. Saiu da barriga de outra e veio morar direto no meu coração.
Não me dá sossego, é só me ver sentadinha em frente a Tv que me pede alguma coisa. quando me vê na frente do computador então: quero mamadeira, quero coca, quero água.
O meu garoto mama na mamadeira. O meu garoto divide a cama comigo. O meu garoto ronca baixinho. Quando perco o sono ou quando durmo depois dele, gosto de ficar olhando para ele, vê-lo dormindo me enternece a alma.
O meu garoto é filho do meu garoto. O meu garoto é meu neto. Mas ele me chama de mãe e apesar de insistir para que me chame de vovó para ele eu sou a mãe e ponto.
O super herói preferido do meu garoto é o Homem Aranha em primeiro lugar, em segundo o Ben 10.
O meu garoto gosta de lasanha de quatro queijos, de salsicha, de pure de batata, de macarrão, de pera e macã. Não gosta de melancia, de abacaxi nem de banana. Gosta de chocolate branco, de sonho com recheio de chocolate, de pão de queijo e de pizza. Gosta de coca, de guaraná e pipoca.
Adora desenhos do pica pau, do espetacular Homem Aranha e Ben 10 força Alienigena. Gosta de vampiros e lobisomem. Mas tem medo de assistir filmes de terror sózinho.
Tem medo de zumbi, tem medo de cachorro e gato, tem medo de barata e de insetos em geral. Tem medo do escuro e de ficar sozinho nos comodos.
O meu garoto odeia tomar banho e escovar os dentes. Não gosta de pintar, nem fazer lição.
O meu garoto adora cafuné, adora cosquinha, e carinho na barriga pra dormir. Gosta de passar perfume .
O meu garoto não gosta de ganhar roupa de presente e nem gosta de ganhar carrinhos. O meu garoto gosta de bonecos: homem aranha, batman, volverine, mac steel, e outros que nem sei o nome.
O meu garoto usa óculos, calça nr 31 e usa roupas nr 10.
O meu garoto não gosta de shorts com ziper, prefere com elásticos. Gosta de chinelos e não tira o croc verde dos pés. Não gosta de tênis nem de meia.
O meu garoto diz que quando crescer vai arrumar uma namorada, vai casar e eu vou morar com ele.
Eu amo o meu garoto e ele me ama.

domingo, 23 de outubro de 2011

Quando te perdi


Da primeira vez ele não quis ter um futuro comigo.
E da segunda vez eu já não tinha mais lugar no futuro dele.


da primeira vez ele não conseguiu ver futuro comigo...
da segunda vez.......
eu não conseguia ver futuro com ele
.


E então percebi que na segunda vez era tarde demais.

Quando te perdi

Perdi duas vezes
A primeira vez por não saber lutar por você.
A segunda, por não poder.
Quando podia, não sabia,

E quando sabia, não podia.

Eu acredito

E se agora tudo parece tão irreal, mesmo assim eu ainda acredito.
Mesmo que você não venha, e nem me peça pra ir, mesmo assim eu acredito.
Eu acredito quando fecho os olhos  e sonho.
Eu acredito porque esperar é o que sei fazer
Eu acredito porque quero acreditar, porque desse credo nasce a minha inspiração.
E acreditando, e sonhando, e gostando, vou seguindo...

sábado, 22 de outubro de 2011

Conversas


e então sempre que conversavamos falavamos do tempo perdido;
e então recordavamos o tempo passado, tempo esquecido por ele, mas ainda presente em mim.
e depois de tanto tempo, mesmo sem saber como eramos, havia uma intimidade entre nós,
e tudo aquilo que não lhe disse , agora fluia naturalmente,
e conversamos, e faziamos planos ,
e eu como da primeira vez  ficava hipnotizada, e acreditava em tudo o que ele dizia.
e acreditava numa segunda primeira vez.
e o menino não vinha.
e não me pedia pra ir.....
e continuavamos fazendo planos, e conversando e eu acreditando..
porque conversar era só o que me restava...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ainda

Ainda




Ainda que não me vejas


ainda que não me respondas,


ainda que não me queiras


ainda tenho esperança.


Penso ainda que o tempo


faça em ti uma mudança


Penso ainda que a vida


De a mim uma lembrança.


Ainda que seja tarde


Ainda que seja longe


Ainda que não me queiras


Ainda tenho esperança.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Almoço com você

Sai para almoçar agora as 16 h e levei você comigo.


Saímos do prédio e mostrei para vc o Largo do Paissandu, a Igreja dos Pretos e a estátua da mãe Preta.

Seguimos pela Dom José de Barros e na esquina da 24 de Maio mostrei o Teatro Municipal, O Viaduto do Chá, e o Shopping Ligth.

Entramos num restaurante simpático onde almoço sempre, comi um peixe ao molho de alcaparras com uma saladinha de beterraba e palmito e você, que já havia almoçado mais cedo, só tomou uma cerveja.



Conversamos bastante, eu contei pra você de onde andei, você econômico nas palavras mais ouviu do que falou e então eu continuo sem saber quase nada de você.



Na volta, apenas nos olhávamos, numa compreensão mutua do prazer daquele momento. De vez em quando você esbarrava em mim, quase sem querer, e era bom.


Você me surpreendeu e numa floricultura da Dom José, comprou flores e as me ofereceu.



No saguão do prédio mostrei para você a exposição sobre os circos, o Cine Olido, o posto de atendimento aos turistas e o curso de dança de salão que é ministrado pela Secretaria de Cultura. Te mostrei o Cibernarium , te mostrei um pedaço do meu mundo.



Na entrada da catraca, você não tinha crachá, e quase, foi impedido de entrar.

O tolo do segurança não sabia que você mora no meu coração e portanto vem comigo sempre.

E está sempre comigo.

sábado, 9 de julho de 2011

Desejos

O que queria hoje era ter uma irmã, uma irmã que me convidasse para ir na casa dela comer um bolo de fubá com café com leite adoçado com bastante açucar.

 Eu queria hoje ter uma mãe que me convidasse para ir amanhã, domingo, almoçar na casa dela polenta com frango. E de sobremesa pessego em  calda com creme de leite.

Eu queria hoje, só por hoje, ter apenas 15 anos, e ir no cinema a noite com a minha irmã Neusa.


Eu queria hoje ter 8 anos e ver meu pai chegando de viagem trazendo
a revista Capricho para mim.

Eu queria  hoje, nem que fosse só por hoje, ter a minha família de volta.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sucrilhos

Gui conversando com o pai ( Lucas como sempre fingindo ouvir, mas nem prestando atenção)
- Papai, vc sabe que o sucrilhos Kelogs tem um tigre?
- ....................
-É o sucrilhos Kellogs, aquele do tigre...
-............

Domingo de manhã, estou no mercado.
Passo por uma gôndola e vejo o que? Sucrilhos kellogs, aquele do tigre na caixa.
Coloco no carrinho, (estava em promoção)
Chego em casa, começo a descarregar as compras. Sozinha como sempre, ninguém pra me ajudar.
Termino de descarregar, Gui acorda e desce as escadas sorridente.
-Bom dia mãe. (apesar de ser 15 hs , pra ele ainda é bom dia. E também é o único que me dá bom dia)
-Bom dia Gui, adivinha o que eu comprei pra você?
-É presente?
-Não Gui , é de comer..
-O que é???????
-Sucrilhos Kellogs
_Sucrilhos kellogs? Que legal.
Abre a caixa, olha, depois quer que feche a caixa de novo. Quer que feche a caixa e que ela fique prefeita.
As abas não se encaixam, e começo a perceber um certo nervosismo. Consigo acalmar a fera colocando uma fitinha transparente dupla face, que une as duas abinhas.

Ai a caixa de kellogs vira brinquedo e ela passa a tarde com a caixa

Noitinha, Gui quer comer Sucrilhos Kellogs com leite.
Preparo a tigelinha.
-Come Gui.
_Vc sabia mãe que sucrilhos deixa o coração saudável? E que tem que comer sucrilhos para ficar forte e jogar futebol?
-Então come tudo Gui, pra vc ficar com o coração saudável.
Come duas colheradinhas,  fica ali enrolando.... Não quero mais mãe, diz, com cara de gaiato, ...
Ta bom Gui, e eu sou obrigada a comer aquela delicia. Pq a mamãe adora sucrilhos....

Vamos dormir. Gui leva a caixa pro quarto. Coloca no criado mudo.
-Pq Gui aqui no quarto? O sucrilhos tem que ficar na cozinha. É alimento.
Não mãe tem que ficar aqui;
Então tá.  

domingo, 3 de julho de 2011

Meia noite no Imirim

Meia noite. A casa em silencio.
Antes de pegar no sono, lembro que meus filhos todos já estão dormindo.
Penso neles, cada qual em  seu quarto. Penso em mim como a guardiã dessas criaturas.
Por um momento recordo deles bebezinhos, e agora já crescidos. Como foi longa, dura e linda essa trajetória até aqui  .
Quantos erros, acertos, risos, choros, sobressaltos, decepções, alegrias, surpresas, da minha parte e da deles.
Teve  dias, num passado não muito distante, quando fiquei sozinha com eles

que achei que não iria dar conta. Tive medo da minha família diluir feito água, tive medo, tive tanto medo que andei feito zumbi. Tive medo de fracassar.
Mas hoje, agora , no silêncio que envolve a noite e a casa, eu sinto que não tenho mais nenhum medo. Eu sinto que sou a cuidadora dessa família, desses filhos que me respeitam, e que me amam.  Desses filhos que educo,e que crio.
Viver cada dia fazendo parte da vida deles, compartilhando as derrotas e as vitórias é um grande privilégio.
Mas é melhor dormir, que amanhã tem mais.

Meia noite em Paris

Quarta feira passada, fui assistir ao filme Meia Noite em Paris.
Fui com a Ligia no shopping Paulista. De metro, rapidinho estávamos lá, sem o stresse de estacionamento, trânsito, etc.
Gostei muito do filme,e quero ir para PARIS djá.


O Tarcisio Meira e a Glória Menezes sentaram na fileira da frente a nossa. O Tarcisio sentou na poltrona em frente à minha e eu passei o filme inteiro com a perna dura, morrendo de medo de bater sem querer nas costas da poltrona e incomoda-lo.

domingo, 26 de junho de 2011

carros 2







Na quinta feira fomos ao cinema.
prometi que iria levar o Guilherme para assistir carros 2, lançamento nos cinemas.
quase desisti da ideia de enfrentar shopping lotado, estacionamento lotados, filas.
mas munida de uma boa dose de carinho pelo meu neto querido, fomos para o shopping center norte. de ónibus, que não estava a fim de me estressar no estacionamento.
o caso é que nos feriados o número de ónibus diminui bastante, demorou para passar o center norte, e quando chegamos ao shoppping as 18 hs a lotação da sessao das 19 hs já estava esgotada, só tinha para as 21h30 e ficar todo esse tempo no shopping com uma garoto feito o Guilherme é péssimo.
explico: Guilherme quando está no shopping ou numa loja de brinquedos ou mesmo no super mercado se transforma. vira um louco. louco para comprar. ele pede desde brinquedos até sabão em pó, amaciante, alvejante, qualquer coisa que tenha uma embalagem bonita o atrai. e o pior é que quando tem muitas opções ele fica indeciso, não se decide, e de decide alguns minutos depois se arrepende. já o trouxe para casa chorando porque se arrependeu da compra cinco minutos depois de ter passado no caixa.
resolvi esperar a hora do inicio da sessão dentro da livraria saraiva, na sala dos kids. peguei dois livros, duas revistas e deixei meu pequeno consumista olhar todas aquelas prateleiras sem pressa. Toda hora ele vinha até a mim: mãe compra? compro. e ele logo vinha com outro livro.o caso é que de mentira compramos uns vinte livros.
mas resisti, não comprei nada e logo deu a hora da entrada no cinema.
ele esta eufórico, ansioso, na fila outras centenas de crianças no mesmo frenesi.
o filme e é ótimo, agrada a crianças e a não crianças. alias no cinema muitos jovens casais sem filhos, jovens que são fãs do Relâmpago Mac quen.
vendo meu pequeno garoto ali ao meu lado vibrando, feliz, emocionado com aventuras do seu herói favorito, fiquei realizada e feliz, encarei com uma boa dose de otimismo a volta para casa no busão. Valeu Guilherme pela companhia.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

FADA DOS DENTES



Dez dias atrás, ele apontou o dentinho incisivo central inferior, dizendo que estava mole.

Verifiquei e o dente estava mesmo meio molinho. Tentamos tira-lo amarrando um pedaço de fio dental, o dente ainda estava duro e ficou por isso mesmo.

Havia me esquecido do fato, até que ontem à noite, deitada na cama com ele ao meu lado, olhei e o dente já estava quase caindo.

Ele pediu para eu tira-lo, pois ficou com medo de engolir durante a noite.

Foi só amarrar um pedaço de fio dental, dar uma puxadinha e pronto: o dentinho caiu.

Ele ficou um pouco apavorado, pois saiu um pouquinho de sangue, mas logo ficou calmo. Correu para mostrar para a Ligia a janelinha no sorriso.

A Ligia estava dormindo e não ficou muito empolgada com a noticia. O pai dormia, não ouviu as batidas na porta, a Marina também dormia, e restou somente a nós dois a comemoração do fato.

O dente foi colocado por ele sob o travesseiro. Na expectativa de que a Fada dos Dentes viesse e trouxesse uma moeda.

Hoje pela manhã, mal abriu os olhos e já foi procurar sob o travesseiro .

Achou uma moeda e uma carta da Fada dos Dentes.

- Lê pra mim, mãe. Li para ele.

- Lê de novo. Li de novo.

Fui leva-lo a pé para a escola hoje, ele subiu com a carta na mão e a moeda.

Posso gastar a moeda, mãe?

- Pode Gui, mas seria bom guarda-la, não acha?

Lê de novo mãe? ( no meio do caminho)

Leio Gui.

-Essa fada é muito carinhosa, né mãe?

-É Gui.

Chegamos à escola, ele entrou, com a carta na mão. Já foi mostrando para o amiguinho, a janelinha no sorriso e a carta.

Tchau mãe.....

Tchau Gui.....

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Para a minha irmã Neusa.







O dia em que minha irmã morreu eu fiquei muito triste.
Mas o que eu não sabia é que eu ficaria mais triste ainda, quando descobrisse que com ela morreu um pouco de mim.
Minha irmã foi minha companheira num dos períodos mais felizes e mais dificeis da minha vida.
Eu com 14 anos e ela com 22, de repente nos vimos sózinhas, sem a companhia das outras irmãs, uma mais nova que ela e outra mais velha que casaram e foram embora.
Ficamos parceiras, com idades que por si estabeleciam barreiras. Eramos tão diferentes e tão parecidas
Minha irmã era liberal com os homens e eu era contida e moralista.
Ela gostava de preto e eu de vermelho.
Ela gostava de costurar e eu de ler.
Eu gostava de estudar e ela de namorar.
Ela tinha o pé quente e eu o pé gelado. (Dormiamos juntas numa cama de casal e Ela me dava chutes quando eu encostava o pé gelado nela)
Eu gostava de filme de amor e ela de filme de mistério.
Eu gostava de pera e ela de macã.
Eu gostava de peito de frango e ela de coxa.
Minha irmã tinha perna fina e eu tinha perna grossa.
Minha irmã tinha cabelo preto e eu tinha cabelo ruivo.
Minha irmã fez para mim os vestidos mais lindos que eu jamais sonhara ter. Minha irmã foi a melhor irmã que alguém poderia ter.

Um dia eu fui embora e deixei a minha irmã sózinha. Fui buscar outros rumos para a minha vida. Uma vez tentei leva-la comigo, mas ela não quis.
E agora a morte nos separou definitivamente......

Fogão a lenha


Hoje o que eu queria mesmo, era ter minha mãe comigo.
Comer uma salada de tomate como só ela sabia fazer, temperada com sal, azeite e pimenta do reino em grão, moída na hora. Salada para comer com pão, com a mão.

Ou então tomar um café com leite bem quentinho, adoçado com açúcar cristal, que fica escondidinha no fundo do copo e vem junto na ultima golada. Café para comer com pão feito em casa.

Sentar na mesa da cozinha da minha mãe, ouvir meu pai chamar a minha mãe: Carmela, você trouxe cigarro para mim?
Carmela, você trouxe aparelho de barba?
Carmela, você cadê meu chinelo????

Ou então ficar sentada na beira do fogão à lenha, olhando o fogo, sentindo o cheiro da comida, sentindo os aromas da cozinha da minha mãe.

"As coisas que eram nossas se acabaram
tristeza e solidão é o que restou" (

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O DIA EM QUE MINHA MAE TRANSFORMOU BATATAS EM PERA

Dia das Mães inesquecível? Aquele que passei em Nova York, com minha filha, numa igreja gospel? Não. Estava longe dos outros filhos e, portanto não seria perfeito.

Aquele que passamos em Buenos Aires, passeando na Recoleta? Não. Também estava longe dos outros filhos..

Qual então? Onde fora?

Esse dia inesquecível não passei como mãe: passei como filha.

Minha mãe era analfabeta. Sabia fazer contas como ninguém. Multiplicava os salgadinhos que fazia pelo preço unitário e chegava ao resultado antes mesmo de nós, os filhos, que sabíamos a tabuada de cor. Ela não sabia ler, mas exigia que os filhos só tirassem notas boas na escola.

Era Dia das Mães. Eu tinha 15 anos. Morávamos numa casinha simples e brilhante no interior do Paraná. Minha mãe havia recebido uma encomenda muito grande de salgadinhos, e tinha recebido um bom dinheiro. Prometera que o almoço desse dia, além daquele frango maravilhoso que ela fazia como ninguém, teria uma sobremesa surpresa.

Estávamos acostumados aos doces de todo dia: doce de abóbora, de mamão, de cidra…. Mas eram doces caseiros, doces que já não tinham a surpresa do sabor. Ficamos imaginando o que seria a surpresa.

Um pudim de leite condensado? Morangos com chantilly? Era época de morango?

Domingo, mesa posta, família toda reunida. Esperávamos meu pai, que tinha ido à missa do domingo.

No ar, uma alegria misturada com o mistério da sobremesa.

Meu pai chegou, almoçamos. “E, mãe, cadê a sobremesa?”

Não havia nada na geladeira, nada que nossas bisbilhotices pudessem ter descoberto.

Minha mãe então foi até seu quarto e, de dentro do armário, tirou uma caixa de papelão. Dentro, bem escondidas, embrulhadas num jornal, havia três latas de doces. De doces, como ela supunha que fossem.

“Vejam só, crianças”, disse minha mãe. “Peras em calda!”


Na foto que ilustrava a lata, as batatas facilmente eram confundidas com peras. Minha mãe não sabia ler. Não poderia imaginar que existisse batata em conserva. E em latas, como as peras e os pessegos.

Ninguém teve coragem de falar. Ou, antes, ninguém queria falar.

Minha mãe começou a abrir aquelas latas feliz e orgulhosa.

Despejou o conteudo daquelas latas numa travessa e acho que, na excitação daquele ato, nem estava percebendo que eram batatas.

Ela começou a servir um por um. Todos quietos, mudos, recebendo suas porções sem saber o que falar.

O primeiro começou a comer, foi seguido pelo outro, e outro, que seguiu os demais. E, de repente, éramos quatro filhos e um pai comendo batatas como se fossem peras.

Minha mãe tinha o hábito de servir os filhos. Ficava andando pela cozinha e, geralmente, só sentava quando praticamente já tínhamos acabado de comer.

Quando terminamos de comer a sobremesa – juro, juro, que todo mundo comeu toda sua porção – minha mãe perguntou: “Estava bom?”

Todos reponderam que estava ótimo.

Sobrou na tigela uma batata. Minha mãe disse que não queria, não gostava de pera. Meu pai prontamente disse: “Vou terminar com esse pedaço, então. Está muito bom!”

Minha mãe morreu em 2006. Nunca soube que serviu batatas de sobremesa. Porque para nós, o que comemos naquele dia, foi a pera mais saborosa do mundo. Mesmo que não o tenha sido naquele dia, nas nossa lembranças, aquela cumplicidade muda, com que nós, seus filhos, nos comunicamos só com o olhar, transformou a batata azeda na fruta doc

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Em pé, encostada na pia do banheiro lendo uma revista Monet, enquanto o Guilherme tirava a roupa para tomar banho.

Observa que estou lendo e pergunta: que tá escrito ai?

Eu falei 24 horas

Ele me falou assim:

AS LETRAS VIRAM SONS QUANDO VC CONHECE ELAS

(Guilherme tem 6 anos, é meu neto, mora comigo, me chama de mãe e ainda não é alfabetizado)

Mãe você vai morrer?
- Agora não Gui, mas um dia eu vou., Porque?
Você não vai morrer não.
Ai encosta a mão no meu rosto e fala:
Você tem um pele ótima, seu nariz está ótimo, seu cabelo está ótimo, sua roupa está ótima, você está ótima. Não vai morrer mesmo.,
Bom se ele falou, ta falado.

Mãe conta uma estória para eu dormir?
-Tá bom, qual estória você quer?
Do carrinho amarelo. Que eu perdi e vc foi busca-lo. ( Repararam : fiquei de boca aberta: busca-lo)

(Guilherme tem 6 anos, é meu neto, mora comigo e me chama de mãe)
Gui ontem à noite:

- estamos fazendo um projeto na escola.
Um projeto? que legal. Projeto de que?
Ele senta na cama e fala;

É assim mãe: você sabe o vídeo game? Pensa que só tem fio dentro dele? Não, é TECNALOGIA . Nós estamos fazendo um projeto de TECNALOGIA. É O QUE TEM DENTRO DA TELEVISÃO, DO VIDE GAME.
Que legal Gui. Mas é TECNOLOGIA ta.
Caminho em direção à escola. Como sempre vou na frente e o Gui segue atrás.

Perto do Posto Policial encontro a Cema.
Atrasada, não dou papo, só digo Oi tudo bem e sigo em frente.
Escuto que ela cumprimenta o Gui ..

Dou uma paradinha para esperar o Gui, ele se emparelha comigo e diz:

Vou comprar um toca pra mim, assim ninguém mais põe mão no meu cabelo.

( A Cema tem o costume de cumprimenta-lo passando a mão no cabelo o que ele deve odiar).




Eu não entendo Mãe, tem uma coisa que eu não entendo ( erguendo os dois braços com as mãos fechadas)

_ tem uma coisa que eu não entendo , que eu não entendo mesmo Mãe:

- como eu posso te odiar e te mar tanto???????????

- vc me odeia Gui ??????????
- te odeio Mãe mas eu te amo.

E quando vc me odeia?
- quando vc me leva no shopping e não me compra nada, quando vc me manda tomar banho, quando vc me manda fazer lição, só nessas horas.

Mas eu te amo de todo o resto, eu te amo bastante.

Então ta bom.

(Guilherme tem 6 anos, é meu neto, mora comigo , me chama de mãe)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Na calada da noite

Terça feira 2 h da manhã
Guilherme chegou da escola e dormiu. Acordou as 23 hs . Aí ., bem aí dificuldade pra voltar a dormir.
Meia noite: dei banho, dei mamadeira, deitamos. Liguei a televisão, e descubro que o controle da Net não está funcionando.
Resolvo então assistir um documentário na TV Cultura e ele fica por ali brincando deitado ao meu lado,.
De repente vira pra mim e diz: canta uma canção de ninar para mim? Desligo a televisão e canto. Canto 1, 2 ,3 4, 8,9,10 musicas. Persigo a memória e descubro canções que já havia esquecido. Penso que adormeceu. Paro de cantar. Ledo engano. Está muito bem acordado.
Vira pra mim e pede: liga a TV. Poe no Discovery Kids. Digo: o controle não está funcionando. Ele diz: Então poe um filminhoi aí pra nós.
Coloco na Globo. Está passando o filme No Limite (Dois sobreviventes (Anthony Hopkins, Alec Baldwin de um acidente aéreo precisam unir suas forças para enfrentar o urso que os persegue. )
Começa a cena onde os sobreviventes caem na floresta. Segue nesse ritmo até que aparece um urso que persegue os sobreviventes que são tres. Eles conseguem escapar. Gui vibra com a perseguição.
Gui vira pra mim e diz; Eu sabia que eles iriam conseguir. Eu sabia.
Sabia Gui? Como vc sabia?
Ah mãe é pq eu sou esperto.
Mas o filme estava apenas no começo e percebo que tem mais ação . Faço esforço pra não dormir e sigo assistindo com ele.
Lá pelas tantas, nova perseguição. E dessa vez o urso leva a melhor e come um dos sobreviventes. Gui fica paralizado, encosta em mim, quase nem respira. A um toque meu ele se assusta reclama que está com medo.
Fime termina, ele não fala nada, vira e dorme.

MÃE PERFEITA

Quarta feira 11h da manhã.
Gui pronto, sentado na escada da sala, com uma revistinha na mão, esperando eu arrumar a mochila pra ir para escola.
Bem humorado, feliz, tomou longo banho, escovou os dentes, gel no cabelo.
Dormiu cedo, acordou cedo, e sem estresse pude me arrumar, sem ficar apressando.

Mãe, porque você nunca lê as revistinhas pra mim. ( à várias noites ele pede pra eu ler as revistinhas, e eu sempre dou uma desculpa)
Decido ser sincera e digo:
_Porque eu sou uma péssima mãe.
- Você não é uma péssima mãe, você é perfeita.
- Sou Gui? Empolgada digo: Vou comprar o Ultra T pra vc quando receber o pagamento.
-Gui vira pra mi e diz:
-Ah então era isso. Tinha que falar que vc era perfeita, pra comprar o Ultra T.

Lógica infantil né.............................

Bom mas o que me importa, que alguém hoje falou que eu sou
PERFEITA...........

( O Guilherme tem 6 anos é meu neto, mora comigo,e me chama de mãe)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Eu te amo

Uma manhã qualquer.....
Chamo o Gui que ainda dorme .
Acorda... acorda Gui,
(Detalhe: foi dormir as 3h, muito a contragosto. Depois de 2 mamadas, várias cosquinhas, várias historinhas, o sono não vinha..... )

Não acorda.
Tiro a roupa dele mesmo dormindo, coloco ele em pé. Faço uma tentativa: vamos Peter Park , vamos tomar banho, o dia das crianças está chegando, e logo, vc vai ganhar muitos brinquedos.

Como que por mágica o Peter Park naquele corpo promove um pequeno milagre, e o meu homem aranha diz: tá bom Mari Jame

Entra no banheiro, faz xixi, depois cocô..

Entra na banheira, feliz, diria até que muito feliz. Não reclama quando pingo shampoo na cabeça. Quase que ouço um cantarolar....

Enxágua a cabeça, toma banho enfim sózinho.

-Vamos sair Peter.
-Tá bom Tia Mei. Passo de Mary Jane para Tia May , num passe de mágica.

Pelado, começa a pular pelo quarto.

Agora sou mãe:
Mãe como é mesmo aquela música do pelado?
-Beijo na boca é coida do passado, a onda agora é, é namorar pelado.
-Não, mãe eu não quero namorar pelado, eu quero ficar pelado...
-Beijo na boca é coisa do passado, a onda agora é, é ficar pelado.

Visto a roupa naquele ser, não sei se Peter, Homem Aranha ou Guilherme. Só percebo um ser alegre. Ufa.....,

Bom, de uniforme vestido, escovamos os dentes... Ele deixa..... O Peter, claro.

O Mary Jame, olha o presente que eu trouxe para vc. ( Me traz um travesseirinho da Mônica)
-Obrigada Peter, eu adorei o presente.
- NÃO TEM DE QUE MARY JANE ( Não tem de que Mary Jane?????????) outra transformação relampâgo....
- Sabe que eu sou especial, Mary Jane, eu sabia que vc adorava a turma da Mônica.......
- Obrigada Peter, você é mesmo especial.

Descemos para a sala, meu pequeno Peter faz a lição, rápido, eficiente e feliz.

Abro a porta. Meu pequeno Peter me diz: te amo Mary Jane.
Eu cantarolo: Eu te amo e vou dizer pra todo mundo ouvir.
Tomada também de uma alegria grito no corredor: Eu te amo Peter Park, eu te amo e vou dizer para todo mundo ouvir.;

Meu pequeno Peter me olha admirado e pede: grita de novo.
Mais uma vez eu canto e grito.
Abro o portão. Na casa ao lado os pedreiros me olham e sorriem.

Meu Peter pede; fala de novo.
Eu canto baixinho.
Baixinho não bem alto reclama ele.
Então no meio da rua, eu grito: Eu te amo.

Subimos a avenida Imirim, ele pedindo pra eu cantar . Canto baixinho.

Eu te amo.

Chegamos na escola.

Ele entra, olha pra trás e diz: Vou sentir saudade.....

Eu também Gui, também vou sentir saudade....
7 hs da manhã.
Excepcionalmente Gui acorda de bom humor ( pois despertou sozinho, se é acordado por alguém fica de mau humor)
Estou desperta ao seu lado.
Olha pra mim e fala:
- Bom dia mãe. Dormi com o “tantinho”.
-Tantinho Gui ? quem é “Tantinho”?
- “Tantinho” mãe, aquele menininho que a gente viu na Igreja, de toca e mãozinha junta ( mãos postas)
-

Vc não mandou eu dormir com ele?
Ai lembro que antes de dormir disse: Dorme com o anjinho.
Apenas uma confusão entre o santinho e o anjinho.
Coisas do Gui.

Sininho

Mãe quero mama.
_ Ta bom Gui.
Leite na mamadeira, nescau e coloco no micro ondas.
Aproveito o tempo e sento no computador.
Mal abro uma página, o micro ondas apita. Distraída, não percebo, e o micro ondas apita pela 2ª vez, avisando que a operação de esquenta já terminou.
Como não me levanto, Gui Fala:
-O Mãe, vc não ta ouvindo o sininho avisando ? Já tocou duas bezes.

Jornal

Eu e Gui na cama prontos para dormir. Já tomou banho, mamou.

Começa no SBT o Jornal da noite.
Guilherme ouve a palavra jornal, vira para mim e diz:
- A gente não ganha mais jornal?
- Que jornal Gui?
-Aquele jornal que o Renato lia, quando ele morava aqui.

- Ah sei, mas aquele jornal a gente não ganhava, a gente comprava.
Era o Renato que comprava o Estadão aos domingos, quando ele estava procurando emprego nos classificados.

-Você pode comprar então no domingo que eu quero ler ?

- Ta bom, no domingo eu vou comprar o jornal

domingo, 23 de janeiro de 2011

Prateleiras vazias

O móvel de cor escura no quarto sempre abrigou os discos de vinil.
Eram muitos discos, passava de quinhentos ou eu imaginava que fossem quinhentos.
Com a chegada dos CDs eles ficaram ali, naquele móvel, esquecidos mas nunca abandonados. Seu dono tinha um ciúme quase doentio deles.
Manter a poeira longe daquele móvel era tarefa árdua e eu a fiz durante mais de 25 anos.
Um dia o dono dos discos se foi, na pressa da partida deixou para trás seus pertences, entre eles seus discos.
Eles ficaram ali no quarto, enfeiando o local, e eu que sempre desejei por fim neles, quase me vi tentada a faze-lo.
Mas a racionalidade falou mais alto, e com pena de sua orfandade, ainda assim continuei cuidando deles.
Um dia o dono veio busca-los. Grande alivio.
Sobrou o móvel feio e escuro que abrigou durante mais de 2 décadas aqueles objetos. O vazio das prateleiras naquele móvel feio bem como a marca deixadas na madeira se assemelhavam a minha vida. Faziamos parte da mesma história, eramos cumplices do mesmo destino.
No meu novo projeto de vida ele nào tinha mais espaco, ali naquele espaco visualizava um móvel claro de linhas modernas.
Um marceneiro chamado para consertar a fechadura do banheiro do quarto, deu o veredicto:
móveis assim com essa madeira boa nào se encontram mais . Agora os móveis sào todos frágeis, nenhum deles tem essa durabilidade.
Nào tive coragem de me desfazer do meu móvel. Uma pintura branca bem feita deixou-o branquinho e mocinho, melhor ainda do que aquele que eu desejava.
As parateleiras foram ocupadas com meus objetos, com meus livros, com os meus pertences novos e velhos. E para combinar com ele, estou ocupando e reorganizando a minha vida.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amiga de mim.

Estava esquecida de mim. Estava de mal de mim. Fazia tempo que nem me olhava no espelho, preferia ignorar essa pessoa feia que se apresentava refletida.
Mas hoje levantei feliz, confiante, tomei um longo banho, escolhi uma roupa bem legal, sequei os cabelos e resolvi mudar o penteado cabelo lavado molhado secando no ônibus. Fiz uma escova caprichada, mudei o repartido, do meio passei para o lado, com uma franja invocada. Passei base Dior, caprichei na massa corrida, pó da melhor qualidade, um blush chique que me deixou com cara de rica, ou pelo menos eu estava me sentindo assim. Sombra Dior, rimel poderoso. Um perfuminho rico e um creminho nas mãos.
Sai confiante, pronta para enfrentar o mundo.
E não é que deu resultado? Todo mundo notou o visu novo. Recebi elogios, fiz as pazes com esta pessoa da qual estava um pouco cansada. Acho que virei minha amiga de novo.
Grandes decisões estão por vir.

O meu garoto


O meu garoto tem 6 anos. Fez ontem 6 anos.
Não saiu da minha barriga. Saiu da barriga de outra e veio morar direto no meu coração.
Não me dá sossego, é só me ver sentadinha em frente a Tv que me pede alguma coisa. quando me vê na frente do computador então: quero mamadeira, quero coca, quero água.
O meu garoto mama na mamadeira. O meu garoto divide a cama comigo. O meu garoto ronca baixinho. Quando perco o sono ou quando durmo depois dele, gosto de ficar olhando para ele, vê-lo dormindo me enternece a alma.
O meu garoto assiste Two and a half man comigo. Não é um programa de criança, mas a net está quebrada no meu quarto então não tem discovery kids, não tem cartoon, só tem Smete como ele chama o SBT. Não conto para ninguém que ele assiste o programa, os vigilantes de criancinhas de plantão sempre acham um motivo para censura . Já chega o que ouvi lá no meu trabalho quando descobriram que ele joga GTA no playstation.
O meu garoto é filho do meu garoto. O meu garoto é meu neto. Mas ele me chama de mãe e apesar de insistir para que me chame de vovò para ele eu sou a mãe e ponto.
O super herói preferido do meu garoto é o Homem Aranha em primeiro lugar, em segundo o Ben 10.
O meu garoto gosta de lasanha de quatro queijos, de salsicha, de pure de batata, de macarrão, de pera e macã. Não gosta de melancia, de abacaxi nem de banana. Gosta de chocolate branco, de sonho com recheio de chocolate, de pão de queijo e de pizza. Gosta de coca, de guaraná e pipoca.
Adora desenhos do pica pau, do espetacular Homem Aranha e Ben 10 força Alienigena. Gosta de vampiros e lobisomem. Mas tem medo de assistir filmes de terror sózinho.
Tem medo de zumbi, tem medo de cachorro e gato, tem medo de barata e de insetos em geral. Tem medo do escuro e de ficar sozinho nos comodos.
O meu garoto odeia tomar banho e escovar os dentes. Não gosta de pintar, nem fazer lição.
o meu garoto adora cafuné, adora cosquinha, e carinho na barriga pra dormir. Gosta de passar perfume .
O meu garoto não gosta de ganhar roupa de presente e nem gosta de ganhar carrinhos. O meu garoto gosta de bonecos: homem aranha, batman, volverine, mas steel, e outros que nem sei o nome.
O meu garoto usa óculos, calça nr 30 e usa roupas nr 10.
O meu garoto não gosta de shorts com ziper, prefere com elásticos. Gosta de chinelos enão tira o croc verde dos pés. Não gosta de tênis nem de meia.
O meu garoto não pronuncia os erres, o meu garoto não fala direito.
O meu garoto diz que quando crescer vai arrumar uma namorada, vai casar e eu vou morar com ele.
Eu amo o meu garoto e ele me ama.

Velas para os meus mortos


Gosto de acender velas para os mortos.
Quando conto para alguém, sempre ouço de volta que não pode acender vela dentro de casa, etc e tal.
Mas acendo quase todo dia velas para os meus mortos.
Começo acendendo uma vela branca para o meu pai, uma vela amarela para minha mãe, uma vela rosa para a minha irmã Neusa , uma outra para ex namorado que morreu, para o outro ex que também já morreu , uma vela para os meus tios: Heitor, tia Luiza, tio Osvaldo, outra para a Maria costureira, para as minhas amigas Ana e Josefina estou lembrando agora eu ainda não acendi, dai acontece que é muita vela e eu acendo uma para todos aqueles que eu esqueci, que já morreram e que estão precisando de oração e de velas.
Rezo um pai nosso e uma ave Maria. Fico de olho para não pegar fogo na mesa. Quando as velas ainda não queimaram e eu tenho que ir dormir eu as colo em cima da pia.
Espero que quando eu morrer eu tenha alguém que acenda velas para mim. Já falei com a minha filha Ligia para que ela faça isso, acho que vou deixar um dinheirinho para essas despesas.
Mas eu compro velas por quilo, um quilo vem bastante vela, não chega nem a 10 reais. Mas outro dia só tinha 3 reais, fui comprar velas e a unidade é bem cara.
Melhor comprar por quilo.

Quando eu acendo as velas e faço a intenção, imagino que o meu ente querido fica fortalecido, onde quer que esteja.