segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Reticências da vida

Você diz: Eu te amei.
Eu digo: Eu te amo!
Você diz: Te esqueci.
Eu digo: Não consigo te esquecer!
Você diz: Oi amiga(o).
Eu digo: Oi amor!

E nessas reticências da vida percebemos a nossa diferença; você deu um ponto final a tudo enquanto eu vivo nas exclamações de um amor acabado. Enquanto vivo o presente do fim, exclamando por um ponto final dito por ti; você já virou a página, está em outra, exclama por um alguém que não sou eu... Dói, fere; pontos e vírgulas pontuam uma relação que teve um início lindo, meio conturbado e final trágico. Feridas ilusórias estão abertas por estes pontos. Quem poderá curar-me do amor se o amor-remédio me fere? Irei saber, irei viver na medida dos pontos que pontuam nossa vida, na medida das reticências do desconhecido amanhã...
(Ana Luiza Pereira)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Procura-se

Procura-se

Ando a procura de um homem capaz de ser amigo declarado da vida. Que não guarde pergunta sobre o futuro ou o passado, que ame o ato de amar, simplesmente pelo ato de amar;
Ando a procura de um homem com coragem para ter uma mulher que gosta de vestir preto, meia liga, sapato vermelho, batom carmim e decote pronunciado e dela sentir orgulho; E, como homem, defenda todas as suas fantasias, sem explicações, apenas com desejos;
Ando a procura de um homem que comigo prepare um jantar com toalha azul, palmito, aspargo, cogumelo, penumbra, silêncio, tangos, boleros e solidão. Que juntos nos embriaguemos e juntos nos esqueçamos do dia seguinte;
Ando a procura de um homem capaz de todas as surpresas: chamar para beber numa terça-feira de muito trabalho; que invente luas cheias em visitas raras; que seja ousado e arrisque todos os seus sentimentos; que sorria e principalmente tenha a capacidade de adivinhar tudo de ruim;
Ando a procura de um homem que não prometa fidelidade, mas momentos fiéis; que tenha esperança sem religiosidade; que libere seu animal e abandone suas conquistas intelectuais; que não me chateie com política, que seja macho sem medo de ser sensível;
Ando a procura de um homem que me surpreenda em todos os momentos: na casa, na praia, no quarto e na vida. Que agrida quando sentir vontade. Que amanse quando sentir-se gato;
Ando a procura de um homem que me acompanhe quando olho o mar. Que escute e cale todas as minhas angustia. Que perante todas as dúvidas existenciais seja capaz de oferecer certezas. Que beba vagarosamente. Que leia Fernando Pessoa sem recitar.
Ando a procura de um homem que me deixe ruborizada ante uma investida inevitável. Que não diga não perante seu próprio desejo. Que me deixe entregar-me de modo calmo como o rio ao mar. Com quem eu possa soltar todos os gritos de prazer e toda a agressividade dos felinos. Que não cobre de mim mais do que posso dar. Que mate o tempo e estrague as horas e faça da vida "uma aventura errante
Ando a procura de um homem que faça convites para jantar. Me pague uisque. Me puxe a cadeira.
Quem sabe se este homem não é você? 
(Autor desconhecido)